Ensinar a Aprender - uma reflexão de Max Gehringer

CONVERSA DE MACACO
Max Gehringer

Faz cinco milhões de anos, completados na sexta feira passada, dois macacos estavam conversando em cima de uma árvore.

E aí, de repente, um macaco falou para o outro:
– Sabe? Já lá vão sessenta e cinco milhões de anos desde que os dinossauros foram extintos. Você não acha que já é seguro a gente descer da árvore?

O outro macaco pensou, pensou, pensou, e finalmente respondeu:
– Acho.

E os dois desceram da árvore. E, assim que pisaram no chão, um macaco olhou em volta, avaliou a situação e perguntou para o outro:
– Você concorda comigo que andar de quatro é atraso de vida?

O outro macaco concordou. E, naquele instante, os dois tomaram uma das decisões mais importantes da história da humanidade. Caminhar sobre dois pés, numa posição ereta.

E a conseqüência daquela decisão foi uma herança que a humanidade carrega até hoje. A dor na coluna. Porque, biologicamente, o ser humano foi construído para andar de quatro. E eu tenho certeza que todo mundo conhece um monte de gente por aí que ainda deveria estar andando de quatro. Mas esse não é o nosso tema de hoje.

Nosso tema de hoje é diferenciação. Pensando bem, de todos os animais, o macaco era um dos que tinham menos possibilidades de vir a dominar o mundo. Os pássaros podiam voar e dominar os ares. Os peixes sabiam nadar e dominar os mares. Em terra, o elefante era muito mais forte, o cavalo era muito mais veloz, e a borboleta era muito mais bonita. E até o rato era muito mais prolífico.

Por que, então, no jogo do bicho da evolução, deu macaco? Porque, num momento de lucidez, o macaco percebeu que, sendo mais fraco, só lhe restava uma alternativa: pensar. Raciocinar melhor que os outros animais. E, principalmente, aprender para poder ensinar.

Foi só por isso que há cinco milhões de anos, dois macacos se diferenciaram da concorrência. Eles fizeram exatamente o que todos nós temos a obrigação de continuar fazendo todos os dias. Saber um pouco mais do que sabíamos ontem. Para poder ensinar aos que virão amanhã.

 

Max Gehringer
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